Mensagem de D. Jorge Ortiga, para a comemoração Regional do dia de São Nuno

 


Mensagem de D. Jorge Ortiga

 

Celebrais a festa do padroeiro da FNA, S. Nuno de Santa Maria. Foi um homem de causas. Amou a pátria quando ela precisava dele e entregou-se a Deus e aos pobres no resto da sua vida. Foi um homem de Igreja naquela época tão complicada da história de Portugal. Colocou ao serviço da Pátria e de Deus tudo o que tinha e era.

            Hoje, num momento tão complexo para a história da humanidade, somos colocados perante grandes desafios. Podemos cruzar os braços e esperar que os outros resolvam os problemas. Sabemos, porém, como diz o Papa, que estamos todos no mesmo barco. Teremos, por isso, de dar o nosso contributo positivo para eliminação da pandemia. Teremos de o fazer individualmente, mas também como Igreja que somos. Somos cidadãos crentes e a fé terá de nos comprometer com compromissos muito concretos.

            Neste ser Igreja, na Arquidiocese de Braga, o Programa Pastoral que temos é um sinal de pista muito eloquente. Peço-vos desculpa por vos recordar. Queremos ser uma Igreja sinodal e samaritana.

            O que é que isto pede a cada um e ao movimento?.

            Basta compreender as palavras e deixar que a fantasia vá lançando propostas para fazer com que não fiquemos nas palavras. Querendo ser uma Igreja sinodal estamos a traduzir esta palavra que significa, nada mais nada menos, que caminhamos juntos. Cada um tem a sua vida. Mas não a pode interpretar sozinho. Tem de reconhecer que há muita gente a caminhar connosco. São os conhecidos e os desconhecidos, os familiares e os vizinhos, os ricos e os pobres, os patrões e os colegas de trabalho. Depois, caminhar juntos é uma coisa mas teremos de nos sentir responsáveis uns pelos outros. Não basta saber que ao nosso lado caminham outras pessoas. Importa que acreditemos que a nossa felicidade só acontece se todos forem felizes. Esta consciência é muito importante e merece um exame de consciência diário para verificar se estamos a viver desta maneira ou não. Não sou uma ilha. Comigo caminha o mundo inteiro. Há, ainda, um outro pormenor muito interessante que esta palavra sinodal nos sugere. Caminhamos juntos mas o caminho tem de ser decidido juntos. Por isso todos somos responsáveis, cada um tem as suas ideias. Não as pode reservar para si ou ficar na critica. Tem de as partilhar para que o melhor caminho seja aquele que foi encontrado por todos. Isto deve ser aplicado na nossa vida. Em casa não há alguém que mande e os outros a obedecer. Importa ouvir a todos e ver o que é melhor. No movimento todos tem algo a dizer e a sugerir. Não se pode estar á espera. Há uma responsabilidade para todos. Também na Igreja, seja na paróquia ou na diocese. O caminho a percorrer não é decidido pelo padre ou pelo arcebispo. Eles para decidirem bem necessitam das achegas de muitos. Podemos dar vida a muitas iniciativas. Ninguém nos substitui. Somos imprescindíveis.

            A palavra samaritano creio que a entendei. Pegai no evangelho e lede a passagem. Depois lede o programa pastoral onde encontrareis muitas ideias. Também o Caderno para os Grupos Semeadores de Esperança vos explicam cada um dos pormenores. Meditai. Estudai. Temos tantos subsídios. Partilhai entre vós. Sobretudo, fazei, como pessoas e como movimento. Há tanto trabalho para realizar. Tendo ideias quanto ao trabalho nas vossas paróquias ou diocese não vos caleis. Só juntos conseguiremos fazer algo de válido.

            Desculpai. Já me alonguei muito. Trabalhai estas duas palavras (Sinodalidade e samaritano). Crescei como movimento. Ide ao encontro de outros escuteiros. Se sois muitos. Podeis ser ainda muitos mais. Mostrai a vossa utilidade, como movimento, nas paróquias, mas também na sociedade civil. Nunca percais a vossa identidade de escutismo católico. O Escutismo vai celebrar cem anos e necessita de continuar a ser o que sempre foi. Sede cristãos empenhados e cidadãos comprometidos. Podeis contar comigo. Vamos conversando e trabalhando para que o mundo fique melhor do que o encontramos.

            Aquele abraço de grande amizade.

 D. Jorge Ortiga

Arcebispo Primaz de Braga


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